sexta-feira, janeiro 8

[off' , a short story ]

Um cômodo com dois computadores, 5 pessoas, 1 telefone, 1 papel com anotações, 1 cigarro aceso.
A mulher mais velha e mãe de uma filha, já passada dos 20, segura na mão direita um cigarro semi-aceso tragando vez ou outra soltando uma fumaça densa cinza dos lábios um pouco ressecados, pega o telefone e disca um número grande:
- O que tem de errado nesse número?
A menina, filha da mulher passada dos 20, menina impaciente na flor da idade descobrindo por agora os prazeses, desejos e pesares da vida, rosto marcante e coração de maçã-do-amor:
- Eu estou tentando ligar mas dá como número inexistente. - arranca da mão da mulher acima dos 20 o telefone e com as longas unhas cuidadosamente pintadas disca mais uma série de números.
- Nada... dá como se o número não existisse.
- Me dá o telefone, vou discar para a 109. - a mulher acima dos 20 retoma o telefone e em meio uma tragada, um pouco mais forte que as demais, encosta o telefone na boca.
-Boa noite...? Ah, maldita tecnologia - traga mais uma vez.
A segunda menina, um pouco mais nova que a primeira, branca, dessa vez bronzeada de sol e sem tantos cuidados com as unhas, observa tudo e ri de canto de boca as vezes puxando um sorriso largo.
A mulher acima dos 20 digita alguns números "5,9,3,2" :
- Mãe, tá conseguindo?
- Caiu nessa merda de programa gravado para ajuda. - Um murmurinho no telefone faz com que a mulher aproxime mais a boca do telefone.
- Bariloche.
Enquanto fala, a mulher reforça um número já existênte no papel.
- BARILOCHE. - ela fala mais alto.
- BARILHOCHE, BARILOCHE - ainda aumentando a voz , ela traga mais rápido e fica apreensiva.
- MAS QUE MERDA DE ATENDIMENTO. É Bariloche na Espanha que eu quero falar.
- O que aconteceu mãe?
- Essa porra de atendimento, maldita estupidez robótica.

É, agora só por gravação.

[fim, off ']

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